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Morte da Nova República e os rearranjos partidários

Por Leandro Dóro

 

A Nova República começou em 1985 com o fim da ditadura e o reinício da liberdade para criação de partidários que dominaram três décadas de vida pública. Social democracia e neoliberalismo foram os pilares do debate político nesse período, apoiados pela Constituição Federal de 1988.

Porém isso foi destruído com a eleição de Jair Bolsonaro pelo nanico PSL, a presença de militares no governo e a consequente escolha de de Paulo Guedes, do Instituto Milleniun, para a economia e a ascenção do ultraliberalismo e do autoritarismo no país, como se o Brasil entrasse em uma era Thatcher com tons de ditadura. Junto a isso, há uma subserviência aos EUA, como líder de uma nova guerra fria contra a China, para evitar que esses orientais se tornem a maior economia do mundo até 2030.

Com esse cenário já se constrói um consenso de ruptura histórica. Para a historiadora francesa Maud Chirio essa eleição marca o fim da Nova República, pois a Constituição de 1988, pilar da Nova República, está sendo rasgada ao criminalizar MTST e MST, rejeitar minorias, negar a diversidade étnica, religiosa e ao pluralismo de pensamento.

Além disso, há uma redução significativa das siglas partidárias antes dominantes: PSDB em quarto lugar nas eleições presidenciais, com meros 4% dos votos e PT sendo contestado pelos partidos de esquerda pela forma como conduziu seu papel nas eleições. Por consequencia, há a criação de uma oposição a Bolsonaro sem o Partido dos Trabalhadores. Além disso, o PCdoB, essencial no cenário de esquerda, não atingiu a cláusula de barreira, sem conseguir acessar fundo partidário e cogitando, até mesmo, a própria extinção.

Assim sendo é natural que os partidos remanescentes da Nova República busquem se unir, rearranjar-se, deixando de lados velhas diferenças e alinhando novas composições. Há uma necessidade urgente de união das sociais democracias e de nascer uma nova oposição, pautada na defesa dos princípios constitucionais e das liberdades individuais.

Por isso, é momento dos partidos experimentarem novas coligações e buscarem o diálogo republicano, criando trincheiras temporárias ou mesmo definitivas até o momento em que a tempestade trazida pela extrema-direita se reduza ou se extingua. As diferenças do campo democrático precisam ser deixadas de lado. É hora da união em torno do legado da Nova República. É momento de novas coligações.