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Sindisindi/RS defende organizações sindicais em ato contra a reforma da Previdência

Os sindicatos sofreram um abalo nas suas finanças com a reforma trabalhista, a MP 873 e agora com a possível reforma sindical. A fala foi do dirigente do Sindisindi/RS, Leandro Dóro, que participou do ato contra a reforma da previdência, realizado no início da noite desta terça-feira (24), na Esquina Democrática, no centro de Porto Alegre. Sindicatários participaram do ato e se uniram ao coro da luta sindical. 

O presidente da CUT-RS, Claudir Nespolo, confrontou o patriotismo, tão propagandeado pelo presidente de extrema direita Jair Bolsonaro (PSL), com as políticas de retirada de direitos e de entrega de empresas públicas do seu governo. Nespolo destacou uma faixa da juventude, onde estava escrito “defender a pátria é educar o Brasil”. Ele disse que tinha dificuldade “em entender como é que essa gente que está governando o Brasil fala em patriota e se veste com as cores da bandeira nacional”.

Para o dirigente sindical, “esse pessoal e a sua maioria no Congresso passaram muito longe da pátria e de qualquer significado de país porque eles expressam no dia-a-dia um espírito vira-latas e lambe-botas, como se viu hoje no discurso do Bolsonaro na ONU”. Segundo ele, “foi um comportamento deplorável de alguém que está de bunda para o Brasil e de joelhos para os interesses norte-americanos”.

Que patriotas são esses?

“Como falar em patriotas, se a agenda deles é vender todas as empresas públicas, como os Correios, a Trensurb, o pré-sal e a Petrobras. Esse pessoal passou longe de qualquer conversa a respeito de soberania nacional”, denunciou Nespolo.

“Como falar em patriotas, se eles estão destruindo a Previdência Social”, questionou. Ele frisou que a votação em primeiro turno da reforma no Senado, que seria nesta terça-feira, havia sido adiada para esta quarta-feira (25), mas foi depois transferida para a próxima terça-feira (1º). “Não está fácil para aprovar porque deve ter faltado dinheiro para comprar a maioria daquelas bancadas que se movem pelo que tem de pior na política”.

“Como falar em patriotas, se mentiram ao povo brasileiro, dizendo que, se fizesse uma reforma trabalhista, iria ter milhões de empregos. Diziam que era para modernizar as leis trabalhistas e a juventude hoje para poder trabalhar está pedalando de bicicleta, entregando lanches, com contrato intermitente, sem jornada, sem salário fixo, um emprego desprotegido e não terá aposentadoria”, criticou.

Ciclo ruim não dura para sempre

O presidente da CUT-RS ressaltou que “somos nós que defendemos o Brasil”, enfatizando que “ciclo ruim não dura para sempre e ciclo bom também passa. Essa gente vai ter que prestar contas para a história”.

“O Paim está firme com os trabalhadores no Senado e votando contra as reformas que retiram direitos. Mas o Rio Grande têm ainda o Heinze e o Lasier, que na campanha diziam que iriam fazer o bem para as pessoas, mas estão lá fazendo o mal e votando contra os trabalhadores e a favor do capital, do grande empresariado e do interesse dos estrangeiros”, disparou Nespolo.

Fora Bolsonaro

“A CUT, as centrais e os movimentos sociais não têm dúvida: é fora Bolsonaro e a luta continua até derrubar essa gente e colocar o Brasil nos trilhos”, concluiu.

O diretor do Sintrajufe-RS e da CUT-RS, Marcelo Carlini, também criticou a participação de Bolsonaro na ONU, que envergonha os brasileiros. “O mundo está estarrecido com o que esse presidente fala, um presidente eleito sendo fruto de uma fraude, das fakenews”, afirma.

Para ele, está em curso um plano que requer atenção. “Esse senhor dialoga com sua própria base, quer tirar o ódio das redes sociais e trazer para as ruas, e organizar esse ódio contra nós, contra os sindicatos, contra o movimento estudantil, contra os movimentos sociais. A condição de derrotar esse bando de odiosos e malucos é fazer, desde a base, a preservação das nossas organizações como única força social capaz de botar fim no pesadelo que é Bolsonaro, que está colocando o país no retrocesso”, disse Carlini.

O dirigente da CGTB, Eder Pereira, salientou a importância da luta nas ruas para barrar a reforma no Senado. “A votação foi transferida para a semana que vem, está começando a fazer água naquele barco, a não se entender, é a resposta das ruas, da população e da perda de popularidade daquele fascista que foi pra ONU achando que podia falar pelos brasileiros”, disse.

“A juventude também quer se aposentar, também quer ter direito à escola, à saúde e à universidade”, disse Gabriela Silveira, da União Estadual de Estudantes-RS (UEE). Ela também criticou a fala de Bolsonaro na ONU, que disse que a Amazônia não é patrimônio da humanidade.

“A Amazônia é o maior patrimônio natural do nosso planeta e o grande patrimônio do nosso país, assim como os trabalhadores, a saúde e a educação brasileira. Patrimônios que precisamos defender. Bolsonaro representa o antinacionalismo, o retrocesso, o fim dos direitos, por isso cada um que está passando precisa se unir à nossa luta, nossa bandeira é defender o Brasil”, afirmou Gabriela.

Inimigos da educação

A deputada estadual Sofia Cavedon (PT) lembrou o momento grave pela qual passam as universidades e institutos federais e ressaltou que Bolsonaro escolhe a educação como inimiga devido ao seu caráter emancipador. “Se o governo ataca a educação e tenta destruir sua autonomia, democracia e financiamento é porque ela talvez ela seja símbolo de que a consciência política de um povo é imbatível”, enfatizou.

Para ela, no meio de tanto obscurantismo, ainda podemos ter esperanças na juventude. Orgulhosa em ver o discurso da jovem sueca Greta Thumberg, que na manhã desta terça-feira encarou as principais lideranças mundiais, durante conferência da ONU, em Nova York, para alertar sobre os perigos do aquecimento global, a deputada frisou que são os jovens quem mais sofrerão com a decisão do governador Eduardo leite (PSDB) de cortar mais de 2 mil vagas nas escolas.

“Estou esperançosa. Se criaram um jardim em Paris para Marielle, se o mundo inteiro chora de indignação porque ela foi assassinada, assim como a menina Ághata, não será o povo brasileiro que ficará calado. Temos de levantar a autoestima da nação”, apontou Sofia.

Extermínio da população negra

Representando a CTB, a diretora-geral do Simpa, Luciane Pereira da Silva, também lembrou a morte de Aghata Felix, uma criança de apenas 8 anos baleada pelas costas, dentro de uma kombi, na última sexta-feira (20), pela polícia carioca, no Complexo do Alemão, no Rio de Janeiro.

“O tiro certeiro na menina Ághata exemplifica o crescimento do extermínio dos nossos jovens negros de periferia. As políticas implementadas pelo governo Bolsonaro castigam principalmente o povo pobre e as mulheres brasileiras. O que temos de fazer é transformar esse sentimento de indignação em luta, para que, dessa forma, possamos nos multiplicar e construir uma grande frente em defesa da democracia”, destacou Luciane.

Unificar as lutas

Para o presidente da Federação dos Trabalhadores Aposentados e Pensionistas do Estado do Rio Grande do Sul (FETAPERGS), José Pedro Kuhn, o governo Bolsonaro está terminando com o direito a uma vida digna, o que preocupa os aposentados, que já não têm quase nenhuma oportunidade.

“Por que não fazem auditoria na dívida pública?”, questionou, como alternativa aos cortes na renda que sacrificam os trabalhadores. “Reforma é quando vêm ajustes e melhorias para seu povo, e isso não está acontecendo”, afirmou Kuhn.

A dirigente da Intersindical, Neiva Lazzarotto, lembrou das diversas lutas que estão em curso no atual momento. O Sindisaúde e o Simpa estão na luta pela saúde em Porto Alegre, em resistência à extinção anunciada pelo prefeito Nelson Marchezan Jr. (PSDB) do Instituto Municipal de Estratégia de Saúde da Família (Imesf).

Ela destacou também que os servidores estaduais lutam pelo fim do congelamento dos salários, que já dura 45 meses, e o fechamento de turmas nas escolas públicas. O Sindijus entrou em greve por tempo indeterminado com a ameaça de extinção de 5 mil cargos e por reposição salarial. “Cada um tem sua luta, mas estamos todos juntos para defender nosso país, nossas estatais, lutar por emprego, contra o fim do SUS, contra o fim das universidades”, ressaltou Neiva.

Houve também manifestações de dirigentes da CSP-Conlutas e de representantes do PCdoB, do PCO e de vários sindicatos e movimentos sociais, durante o ato que reuniu centenas de trabalhadores e estudantes, fortalecendo a luta contra a reforma da Previdência, por aposentadoria, emprego e direitos, contra os cortes na educação e as privatizações, e em defesa da Amazônia e da soberania nacional. Teve ainda gritos de "Lula livre".

Unificar as lutas

Um representante do comitê de combate à megamineração de carvão Mina Guaíba denunciou o impacto ambiental para a região metropolitana de Porto Alegre e convidou os presentes para que participem da audiência pública que será realizada no próximo dia 30, às 18h, no Teatro Dante Barone da Assembleia Legislativa.